No último dia 25, o Governo do Paraná entregou, em uma rápida solenidade, 110 novas viaturas descaracterizadas que serão utilizadas pelos Departamentos de Polícia Civil de todo o Estado, porém, apesar do investimento na ferramenta de trabalho, o maior patrimônio do Governo, seus Servidores, continuam com os direitos travados, muitos deles desde 2016.
A polícia precisa sim estar equipada com bom armamento, viaturas, equipamentos de segurança pessoal, treinamento constante e adequado para manter o policial devidamente preparado para enfrentar a criminalidade, mas isso, por si só, não resolve o problema da desvalorização dos policiais enquanto ser humano que são. Atrás do distintivo há um pai ou uma mãe de família que precisam manter uma certa qualidade de vida para poderem se dedicar ao trabalho policial, profissão que tanto exige do ser humano. A classe dos Delegados de Polícia do Paraná, assim como todos os demais Policiais Civis, sofre há tempos com a desidratação de direitos básicos, que, embora gozem de estabilidade constitucional, como o salário digno, data-base, a licença especial, as promoções, progressões, férias remuneradas, estão sendo desrespeitados escancaradamente pelo Governo. Aliás, até o concurso da PCPR está suspenso, em que pese a carência desastrosa de efetivo que castiga os poucos Delegados e demais Policiais Civis que acabam assumindo toda a sobrecarga gigantesca de trabalho que resulta desse déficit de mais de 50% no efetivo da Polícia Civil do Paraná. Nesse contexto, os Delegados e demais Policiais civis se veem em uma situação sofrível: pouco efetivo, sobrecarga de trabalho, que só vem aumentando nessa pandemia, desvios de função (como cuidar de presos) e nenhuma contrapartida do Estado que, para além de não valorizar, desrespeita os direitos constitucionais mais comezinhos acima citados. Ou seja, o clima é de desolação sem nenhuma perspectiva, em que pese a luta das entidades de classe. Sequer a reposição da inflação, fenômeno econômico que consome progressivamente o salário de todo e qualquer brasileiro, seja da iniciativa privada ou do setor público, está sendo observada pelo Governo que só faz explorar o servidor, principalmente neste período de pandemia em que a carga de trabalho vem aumentando exponencialmente, haja vista que os servidores públicos do Estado estão sem a reposição inflacionária (que não se confunde com ganho real, mas uma mera compensação do fenômeno inflacionário) desde outubro de 2016, pois os 2% concedidos em janeiro do corrente ano já foram neutralizados pelo aumento da carga tributária incidente sobre o salário do policial, como a alíquota da contribuição previdência para o regime próprio gerido pelo Paraná Previdência.
As viaturas entregues vieram em um bom momento, pois vários veículos de diversos Departamentos estão simplesmente ‘baixados’, sem nenhuma manutenção. O investimento foi bem vindo, repita-se, mas, neste momento, mais que bonitas viaturas, o Policial precisa de valorização enquanto ser humano, pois são eles o maior patrimônio de qualquer instituição que se preze. Contamos com a sensibilidade do nosso Governador para rever, aqui no Paraná, essa onda de desvalorização do servidor público, como se fosse o inimigo do Estado, pois, afinal, é o servidor que concretamente presta o serviço público essencial ao povo do Paraná, especialmente na seara tão crítica da segurança pública.