Mais uma vez, a imprensa estadual repercute uma fuga de presos na Região Metropolitana de Curitiba. Desta vez, 29 homens que estavam na carceragem da Delegacia de Campina Grande do Sul conseguiram abrir um buraco na parede de uma das celas e fugiram por um terreno que abriga um depósito de veículos apreendidos ao lado da Delegacia.
A Associação dos Delegados de Polícia do Paraná (ADEPOL-PR), repudia, mais uma vez, o descaso do Governo do Estado quanto à situação de presos mantidos em carceragens de Delegacias. O Paraná é um dos últimos estados no país a manter presos em delegacias de Polícia. Hoje, são milhares de detentos em carceragens que não possuem as mínimas condições de segurança, muitas localizadas em bairros centrais das cidades mais populosas do Estado.
Para Dr. Daniel Fagundes, Presidente da ADEPOL-PR, o problema vai além da superlotação das carceragens das delegacias. “Onde se atende a vítima, não se abrigam presos. Delegacia não é lugar de detentos, eles devem estar no sistema prisional. Muito além da superlotação existe o problema do déficit severo de policiais nas delegacias. Em Campina Grande do Sul, por exemplo, durante a fuga, um único investigador estava na Delegacia, violando a célula mínima de segurança que seria de dois Policiais Civis por plantão”, afirmou Dr. Daniel.
Governador não cumpre promessas de campanha em relação à Polícia Civil
Em sabatina realizada na Sede da ADEPOL-PR durante o Pleito Eleitoral de 2018, o atual Governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior, esteve presente e afirmou seu compromisso com a Polícia Civil do Paraná. Na ocasião, Ratinho destacou que sabia das mazelas que a Polícia vinha passando, inclusive afirmando o compromisso de realizar concursos públicos para preencher o quadro defasado da instituição, porém, até agora o que se vê é apenas promessas de campanha. Ainda segundo Dr. Daniel, o trabalho realizado pela Polícia Civil nas delegacias está comprometido pela carência de recursos humanos e também pelo desvio de função quando os policiais se veem na obrigação de cuidar de presos. Isso tudo acontece sem nenhuma contrapartida remuneratória do Estado, pois no Paraná não há previsão legal para o pagamento sequer de horas extras “O Delegado, investigador, escrivão, papiloscopista, muitas vezes acaba sendo babá de presos. Uma dupla função com jornadas de trabalho que acabam deixando o policial sem tempo para a família, sem tempo para o lazer e o pior, quando necessitam de apoio psicológico não tem aval nenhum do Estado, tendo ainda que bancar um tratamento e muitas vezes afastar-se das funções devido a pressão psicológica. Custódia de presos deve ficar a cargo do DEPEN. A Polícia Civil cansou de trabalhar na pressão e no desvio de função. Precisamos que o concurso público ocorra ainda este ano para que no mais breve possível novos policiais possam ser contratados, pois o atual efetivo da Polícia Civil está sofrendo”, completou.
Logo após a fuga desta madrugada em Campina Grande do Sul, deu-se início ao retrabalho da Polícia Civil na recaptura dos presos.